A longa espera
2005/03/01DUMPING FISCAL E AMBIENTAL
2005/04/13Debate sobre a situação no Líbano
Sessão plenária
Miguel Portas, em nome do Grupo GUE/NGL.– Clareza e responsabilidade. Eis o equilíbrio que deve caracterizar a posição deste Parlamento e da União, a propósito dos acontecimentos no Líbano. Clareza na urgência de uma investigação independente e internacional às circunstâncias, causas e efeitos que envolveram o assassinato do antigo primeiro-ministro. Clareza, ainda, na simpatia que se deve manifestar ao movimento democrático, pacífico e intercomunitário que reclama a soberania plena do Líbano e a realização de eleições democráticas. Clareza finalmente, na exigência da retirada das tropas militares e da inteligência sírias, ao abrigo dos acordos de Taif e da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Clareza, portanto, mas também responsabilidades, porque o mosaico da sociedade libanesa é extraordinariamente frágil. É esta responsabilidade que leva o meu grupo a solicitar a votação em separado dos parágrafos 6 e 7 da resolução de compromisso.
Em primeiro lugar por causa da questão síria. A retirada para o Vale de Bekaa, prevista nos acordos de Taif é objectivamente um passo que deve ser valorizado e a exigência do fim de qualquer ingerência externa não pode ter um só destinatário. Israel ocupa ainda terras libanesas e, nem a França, nem os Estados Unidos, são propriamente actores desinteressados, em particular estes últimos, que durante anos e anos deram cobertura à tutela militar síria, no Líbano, e que, agora, porque dispõem do mais forte dispositivo militar da região, querem tratar a Síria com a subtileza de um elefante numa loja de porcelanas. Para a paz e a estabilidade é mais um desastre anunciado.
Em segundo lugar, a questão do Hezbollah. Não há força de que me possa sentir mais distante, mas a diabolização do chamado “partido de Deus” e a sua remissão para uma estrita dependência da Síria não é sábia nem verdadeira. O Hezbollah não se combate com listas anti-terroristas, mas comprometendo a sua ala política com o processo democrático. Combate-se atacando as brutais desigualdades sociais existentes no Líbano, combate-se resolvendo de forma justa os conflitos decorrentes da ocupação de terras por Israel. Que a Europa seja uma alternativa às políticas cegas e de força na região.