Líbano refém da guerra. Europa refém dos EUA
2006/08/01Programa “Europa para os Cidadãos”
2006/10/24Razões libanesas esfriam a direita
A permanente ingerência externa de que o Líbano tem sido vítima faz parte da doença que o afecta. Será que nunca mais aprendemos?
FOUAD SINIORA NO PARLAMENTO EUROPEU
27 Setembro 2006
Convidado para intervir no Parlamento Europeu, o primeiro ministro libanês foi muito duro com Israel, ocupando grande parte do seu discurso a criticar a última guerra e a destruição provocada pelo governo de Telavive. Desenvolveu igualmente as posições do seu governo para uma solução política para os problemas do Médio Oriente com base na aplicação não selectiva das resoluções das Nações Unidas. No fim, a direita e o lobby sionista teve dificuldade em aplaudir. Nas intervenções que se seguiram, a sua insistência no desarmamento do hezbollah exibiu contornos obsessivos.
Intervenção de Miguel Portas, en nome o Grupo GUE/NGL
Senhor Presidente,
Quero aproveitar a presença do primeiro-ministro libanês para lhe dirigir dois agradecimentos sinceros:
O primeiro, na sua pessoa, é dirigido a todo o povo do Líbano e à sua espantosa capacidade de resistência e sofrimento, ante a agressão de um adversário infinitamente mais poderoso.
O segundo é directamente para si, senhor Fouad Siniora. Independentemente da opinião que tivesse sobre a captura dos dois soldados israelitas e que serviu de pretexto a Telavive para abrir a segunda frente de guerra, o senhor aguentou firme na exigência de um cessar-fogo digno. Não capitulou quando o mais fácil seria fazê-lo, ante uma comunidade internacional refém da posição norte-americana.
Raras vezes se viu uma guerra tão estúpida e inútil.
34 dias de morte e destruição para se concluir o óbvio: que a defesa do Líbano e as armas da resistência são um problema que só pode e só deve ser resolvido através do diálogo entre os libaneses.
A verdade é que não há solução militar para um problema político. A Resolução 1559 não pode ser imposta de fora.
O Líbano precisa de tempo e merece oportunidade. Nós precisamos de ter juízo.
O Líbano precisa, como disse Fouad Siniora, de juntar forças e de condições para construir um Estado forte, democrático e laico. Nós precisamos de, pelo menos, aprender a ler. Várias intervenções insistiram no que, há dias, Hassan Nasrallah teria dito. Ele não disse que não desarmaria. Disse, isso sim, que as suas armas não são eternas. E condicionou o seu destino a uma solução política forte e justa para o Líbano.
A permanente ingerência externa de que o Líbano tem sido vítima faz parte da doença que o afecta. Será que nunca mais aprendemos?