Sete notas sobre o Programa Cultura
2005/10/25Armas químicas. EUA praticam no Iraque o que condenaram a Saddam
2005/11/15SOBRE A LIBERALIZAÇÃO DO COMÉRCIO E DOS SERVIÇOS
Intervenção na Comissão de promoção da Qualidade de Vida, Mobilidade e Cultura
O que a Europa quer do Sul do Mediterrâneo são os vossos mercados sem barreiras.
O que o Sul quer da Europa é o aumento das exportações nas suas produções tradicionais, nomeadamente os produtos agrícolas.
Isto, caros colegas, não é um jogo entre iguais.
Por isso, chamo a vossa atenção para o modo como, na Europa, se vem construindo ao longo dos anos, o seu Mercado Único.
Ele só pode avançar sem uma imensa catástrofe social nos países mais fracos – como, por exemplo, o meu – porque a abertura dos mercados foi compensada com um autêntico Plano Marshall. Com muitos fundos estruturais e com negociações duras sobre os períodos de transição e cláusulas de salvaguarda.
E mesmo assim, se evitámos a catástrofe social, a verdade do meu país é esta: hoje praticamente não temos agricultura ou indústria dignas desse nome. Exploramos os serviços que o Sol nos proporciona e, vai para cinco anos, entrámos em estagnação e recessão económica. Isto com Plano Marshall. Imaginem sem ele…
Se quiserdes a vitória do fundamentalismo islâmico nos vossos países, a liberalização do comércio e dos serviços sem fortes compensações é a via mais rápida para o obterdes.
A alternativa – a cooperação para o desenvolvimento e uma aposta muito forte na educação, na formação profissional, nas infra-estruturas e nas tecnologias de informação – não passam hoje de palavras no papel. É por isso que não posso votar favoravelmente o documento em discussão, que considera como “prioridade absoluta” a aceleração dos processos de liberalização do comércio e dos serviços.