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2012/01/09
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2012/01/24

Veneno

O boletim de inverno do Banco de Portugal (BdP) regressou com más notícias.

As projecções que a venerável instituição propõe para a economia portuguesa em 2012 são piores do que más. Nas previsões de Outono, o BdP admitia que a contracção da riqueza criada no país fosse de 2,2 %. No inverno, a quebra estimada passou para 3,1%. Quase um ponto em três meses.

Porquê este mergulho nos abismos da recessão? As projecções do banco não deixam grande margem para dúvidas: o que está a afogar o paciente é o remédio que lhe receitaram.

Vamos por partes: o banco prevê uma quebra no investimento de 12.8%. Esta projecção representa um trambolhão dos diabos, substancialmente pior do que os núme- ros admitidos no Outono. O governo bem pode dizer que está a fazer tudo certo, mas as palavras valem de pouco.

A actual política europeia, que é aquela em que o governo português acredita e a que obedece sem pestanejar, é veneno. puro veneno.

Quando se mergulha um país na recessão, escasseiam os motivos para investir. Em circunstâncias deste tipo, os decisores procuravam compensar a quebra no investimento privado com aumentos no investimento público e favoreciam o consumo das famílias. Mas o modelo da troika e do governo recusa explicitamente este caminho em nome da diminuição das importações.

Pelo contrário, o seu caminho é o da austeridade. A quebra admitida para o consumo das famílias é, agora, de 6%, quando as projecções anteriores se ficavam por 3,5%. Por outras palavras, o relatório reconhece que os efeitos do modelo que está a ser posto em prática serão mais drásticos do que os inicialmente previstos. Os cortes e a taxação nos rendimentos do trabalho e das pensões, apresentadas como virtuosos e necessários, transformaram-se no principal factor de afundamento do país.

O governo também não contava com a deterioração da economia na Europa. Passos Coelho e Vítor Gaspar apostaram todos os trocos na casa das exportações. Garantiram-nos que o seu impetuoso crescimento acabaria por compensar os efeitos malignos da austeridade. Quem avisou contra esta imprudência foi acusado de despesista e velho do Restelo. Mas agora é o insuspeito BdP que vem arrefecer as suas próprias previsões para o crescimento das exportações.

Porquê? Porque a cura que está a ser aplicada em Portugal, na Grécia e na Irlanda, foi estendida a Espanha, o nosso maior parceiro comercial, ao Reino Unido e a Itália, e ainda a uma pequena miríade de estados no Leste europeu.

A praga da austeridade está a espalhar-se. Os seus efeitos já atingiram as economias francesa e alemã, que entraram em estagnação. Como 80% das nossas exportações se destinam à Europa, não é difícil somar dois e dois. A actual política europeia, que é aquela em que o governo português acredita e a que obedece sem pestanejar, é veneno. Puro veneno.

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